sábado, 7 de agosto de 2010

A origem



Afinal, por que sonhamos?
Os sonhos, aqueles episódios diários orquestrados pelo nosso subconsciente, diz-se que tem por função organizar nossas ideias. Nós vivemos, experimentamos decisões, fazemos escolhas, corremos de um lado para o outro... E quando repousamos nossa noção de realidade no travesseiro, tudo por que passamos é, em teoria, revisado numa espécie de limpeza, onde nossos resíduos imaginários-sinápticos são varridos para longe da nossa consciência. Mas, para que isso? Talvez para nos manter sãos no mundo real.
Os sonhos, aqueles objetivos que mantemos em mente enquanto estamos acordados e que nos empenhamos em realizar, não são muito diferentes. Quando acordados, nós costumamos fazer uma seleção daquilo que desejamos, descartando, mesmo que temporariamente, outras possibilidades. Nos concentramos nos nossos sonhos afim de que sejam realizados. E quando testemunhamos diante de nossos olhos o resultado do nosso esforço, somos tomados por um estado de plenitude e esvaziamento concomitantes. Aquela completude breve seguida da constatação do reinício inevitável. A nossa liberdade de sonhar, tão doce, tão almejada sempre, se converte na angústia da realização do sonho que, por sua vez, nos projeta adiante. Sempre... O desejo concretizado é o vazio da realidade que clama por um novo sonho, como um copo vazio nas mãos de um sedento. 

Talvez, a diferença entre a realidade e sonho seja o limite tênue entre o impulso inicial e o fim abrupto, que se distanciam por um universo inteiro e por um nada. E esse espaço vazio e cheio ao mesmo tempo, seria um limbo ao qual nos remetemos de tempos em tempos quando tentamos converter nossa realidade em sonho ou fazer dos nossos sonhos uma realidade.
Não sei...


2 comentários:

  1. Uma teia de impossibilidades possíveis e de possibilidades impossíveis... Emaranhado de pensamentos que se conectam, plantados em fértil solo com a semente mais fecunda: a ideia.

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