quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Você foi um doce desatino.



Noutro dia conversava com um cinéfilo e relembrei como é bom trocar ideias com alguém que compartilha comigo o amor pelo cinema. Porque criaturas da espécie cinefilus incorrigives se realizam quando podem falar livremente sem precisar explicar quem é o diretor tal, a importância da fotografia, do enquadramento, qual o estilo de determinado cineasta... Nós, cinéfilos, parecemos que fizemos a mesma faculdade e quando conversamos é como se estivessemos num congresso onde deixamos nossas impressões sobre as novidades e adquirimos mais bagagem pra seguir nossa viagem cinematográfica eterna. Em se tratando do meu amor pelo cinema, eu acredito no “felizes para sempre”.
Então, o mesmo cinéfilo em questão me fez uma pergunta muito pertinente: “Por que você não tem um blog de cinema?”. Boa pergunta. Nem eu soube responder. Preferi pensar numa maneira interessante de começar um. O Cassiano me deu a ideia do blog e do nome e deixo aqui seu devido crédito (http://museudocinema.blogspot.com/).

Você foi o mais doce desatino.
Um romance desvairado!
Um finito sem destino.
Um sem fim desacreditado...

Inspirada pelos versos acima, resolvi começar meu roteiro pessoal não por um filme específico, mas por um tema que me sensibilizou recentemente: o amor entre uma mulher mais velha e um homem mais jovem. Destaco três filmes “E sua mãe também”, “O leitor” e “Segunda Chance”, pela delicadeza e lirismo com que abordam o tema.

Tempo injusto, severo.
Tempo que divide o tempo.
Você, uma metade.
Eu, inteira o tempo.
Minutos passeiam por você.
Horas me atropelam.
Sou condenada do tempo.
Você, dele sagrado.

Novos desenhos
Ele traça no meu rosto.
Outra geometria
Ele cria no seu.
Revela meu corpo exuberante.
O seu, a todo instante mutante.

Seus olhos de mel, magnéticos.
Tão doces como o pecado.
Fazem par com seu sorriso.
Generoso e iluminado.

Em seus cachos macios,
semelhantes aos meus.
Minhas mãos me condenam
Aos encantos seus...

Em seu gosto.
de esquecer o mundo.
Eu saboreio a vida.
Como posso
este caminho
me negar a ida?

Resistir ou não? Deixar-se envolver sem se importar com o mundo? Trata-se de uma questão delicada. A relação entre uma mulher experiente e um homem jovem não é bem vista e tão pouco aceita pela sociedade. Por isso mesmo, os três filmes utilizam a mulher mais velha como uma figura madura, porém desiludida ou amargurada e carente, enxergando no jovem uma possibilidade de renascimento e resgate da inocência. O “garoto” é visto como a fonte da juventude e a mulher como a mestra que o conduz num universo novo de prazeres e afetividade. Mas, os contratempos da diferença de idade costumam superar esse amor desacreditado pelos outros e, às vezes, até mesmo pelos amantes. Mesmo assim, o mais jovem costuma fantasiar a eternitude da relação, como faz o personagem David Kross em “O leitor” (trecho abaixo) e, às vezes, a inocência da intenção acaba mesmo levando a uma perspectiva de final feliz.

Eu não tenho medo. Não tenho medo de nada. Quanto mais eu sofro, mais eu amo. O perigo só fará crescer o meu amor. Ele o afiará, perdoará o preconceito. Serei o único anjo de que você precisa. Você deixará a vida ainda mais bonita do que quando entrou. O céu a levará de volta, olhará pra você e dirá: somente uma coisa pode nos completar. E essa coisa é o amor."

Certo ou errado, apropriado ou não, nossas experiências de vida e as belas histórias desses filmes vem nos mostrar que os sentimentos não seguem uma cronologia. Trocar experiência por inocência e receptividade pode ser lindo e enriquecedor para ambos. Isso vai depender de como cada pessoa vivencia essa troca e a disposição para bancar o que se deseja de verdade. No fim das contas, o que vale mesmo é tentar ser feliz.



7 comentários:

  1. Opa !! Novo Blog? De cinema? Gostei :)
    Siga em frente !!
    Beijos.

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  2. Obrigado Mônica e seja bem vinda a comunidade cinéfila. Preciso lhe apresentar o pessoal agora.

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  3. Mônica, te encontrei pela blogosfera... não estou conseguindo ler os posts, a escrita esta muito clara, escureça um pouco mais a fonte, a leitura fica mai confortável.

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  4. O sistema sistema estava dando pau. rsrsrs. Consegui resolver!

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