quarta-feira, 30 de setembro de 2009

“Se nada mais der certo”, “Salve Geral”.


Mais uma vez falo de mais de um filme, porque vi nos dois semelhanças importantes e diferenças interessantes.

“Salve geral” é um comando que funciona como gatilho coletivo disparado por aqueles que representam os criminosos no dito filme, espalhando terror pela cidade de SP e medindo forças com o estado. Esse conjunto de detentos interligados por celulares se organizaram para reivindicar melhores condições carcerárias_ pelo menos é o argumento ideológico deles. E para manter os negócios, comandam o tráfico de drogas, armas etc. A violência os levou para a prisão, os mantém na prisão e os liberta também. E a corrupção é o óleo lubrificante dessa engrenagem. No filme, é difícil saber quem é mocinho e quem é bandido, o que acho positivo e mais real do que dividir o mundo entre o bem e o mal. A vida não é novela. As pessoas são mais complexas e imprevisíveis.

Apesar de tratar de um assunto importante, esse olhar amplo não é dos que mais me empolgam. Talvez porque eu prefira quando o diretor usa a câmera mais perto das pessoas e mais longe do ambiente como um todo. Em “Se nada mais der certo”, por exemplo, vemos também pessoas comuns se envolvendo com armas, drogas e dinheiro sujo, mas o olhar é bem mais humano. As cores são quentes, por vezes até muito escuras, o que me deu a sensação de sufocamento que os personagens experimentavam. Ouvi-los surrar seus anseios, ver os poros da pele transpirando depois de correr desesperado, acompanhar o medo dos personagens pelo som da respiração ofegante... E o amor, porque não, permeando toda aquela história tão íntima e sofrida. Eu me envolvi com os personagens, acreditei que eram reais. Desconectei da realidade e permaneci durante todo o tempo de projeção imersa na história daquelas pessoas. O que não aconteceu com o “Salve Geral”.

Talvez abrir demais o ângulo da câmera me remeta a uma falta de intimidade com os personagens, tornando-os fictícios demais, me distanciando da importância dos sentimentos deles e me remetendo cruamente aos fatos narrados. Eu não vou ao cinema para assistir noticiário.

2 comentários:

  1. Polemico esse filme, ainda mais por ter sido indicado para compor a lista de representantes de filmes estrangeiros para o OSCAR. Escolha complicada, heim?

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  2. Vamos ver se o Brasil está tão bem assim no cenário internacional a ponto de levar um Oscar de filme estrangeiro. Será que cinema-denúncia cola?

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